ABILIO DINIZ, para VOCÊ SA

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Entrevista com Abílio Diniz

O Grupo Pão de Açúcar pretende abrir 10 000 vagas este ano. Nesta entrevista, Abílio Diniz, presidente do conselho de administração do grupo, fala do profissional que a empresa procura e das características que valoriza num líder

Fabiana Corrêa (undefined)  08/03/2010
Crédito: Germano Luders, manipulação de imagens Otávio Silveira
 - Crédito: Germano Luders, manipulação de imagens Otávio Silveira
ABÍLIO DINIZ, presidente do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar, faz planos de expandir sua rede e anunciou investimento 5 bilhões de reais para os próximos três anos. Boa parte desse valor será destinada à abertura de lojas e supermercados no Norte e no Nordeste.

Neste ano, o grupo pretende contratar 10 000 profissionais. Aos 73 anos, o executivo dá expediente diário na sede da empresa, na zona sul de São Paulo. Em entrevista à VOCÊ S/A, Abílio diz que participa da escolha dos principais executivos do grupo e conta quem é o profissional que o Pão de Açúcar procura.

O Pão de Açúcar anunciou investimento de 5 bilhões de reais e boa parte desse montante vai para o norte e nordeste. Como serão contratados os profissionais para essas regiões? No processo de expansão, há espaço para gente que já está lá e também para quem quer uma nova experiência de trabalho e de vida. Temos feito esforços para acolher quem quer se desenvolver em outra região e para quem deixou o Nordeste ou o Norte e agora quer voltar. Nós valorizamos o interesse de sair do eixo Rio-São Paulo, mas o importante não é a região onde se está. Queremos criar condições para que as pessoas tenham oportunidades em qualquer trajetória que desenvolvam aqui dentro do grupo.

Essa expansão vai exigir um profissional diferente do que você procura para o sudeste? 
Não. O conhecimento dos hábitos, dos costumes e da cultura local facilita o entendimento dos negócios e a adaptação, mas o que faz a diferença nesse processo é o alinhamento do profissional aos nossos valores.

O que você espera que seus executivos façam fora do ambiente de trabalho?
Procuro inspirar as pessoas que estão próximas a mim a adotar hábitos saudáveis. Acredito que o segredo de uma boa gestão é manter o equilíbrio entre alimentação, amor, atividade física, espiritualidade, controle do estresse e autoconhecimento. O bom gestor deve se cercar de uma equipe consistente e perseverante. Um líder não pode exercer seu papel sozinho. Ele precisa ter uma equipe que o admire e que tenha os mesmos objetivos.

Há um perfil mais adequado para trabalhar no grupo? 

Nem sempre uma pessoa reúne as mesmas qualidades de outra na mesma posição. Falando por mim, elegi algumas questões que julgo fundamentais: determinação - algo que sempre digo é saber onde é o norte, qual rumo a pessoa está seguindo - e disciplina. Sou uma pessoa de rotinas, que cumpre a agenda, e acho importante que o líder tenha a inteligência de organizar sua rotina e saber priorizar. Objetividade e transparência para que possa estabelecer relações de confiança, inconformismo para corrigir o que está errado e controle do estresse também estão nesta lista.

Você escolheu um executivo financeiro para ocupar a presidência do grupo num futuro próximo. Por que é tão importante ter essa bagagem para o posto? 
A questão técnica é menos relevante nessa escolha. Um líder deve ser uma pessoa que consegue equilibrar vários papéis com uma visão macro sobre o negócio e condições de decidir sobre a estratégia da empresa, para que ela dure. Foi isso que busquei ao profissionalizar o grupo em 2003. A chegada do Claudio Galeazzi [que foi consultor e é presidente do grupo há dois anos] foi um passo decisivo, pois ele atuou diretamente na preparação do seu sucessor [Enéas Pestana, vice-presidente executivo do grupo, que fez carreira na área financeira]. Essa escolha tem mais a ver com o potencial e a competência como líder e, no caso do Enéas, isso ficou muito claro em vários momentos da empresa, além da sua atuação estratégica decisiva na compra do Ponto Frio e na associação com as Casas Bahia.

Há diferenças entre o perfil do profissional que está numa empresa de capital aberto e o de uma empresa fechada?
Um bom profissional não depende disso. Competência, capacidade de organização, proatividade, preocupação com gestão de pessoas, estruturação de processos e de trabalho são essenciais em um profissional capacitado. Com a entrada na bolsa, profissionalizei o grupo com pessoas do mercado. Isso contribuiu para a estruturação dos processos, da forma de trabalho e da transparência na gestão da empresa.http://vocesa.abril.com.br/desenvolva-sua-carreira/materia/entrevista-abilio-diniz-538933.shtml